POLITICA

‘Fichas Limpas’ só vale para o

As manchetes dos grandes jornais na quinta-feira 20 de maio deste ano foram em torno da seguinte: 'Fichas Limpa' é aprovada no Senado por unanimidade. Você olha e fica feliz. De fato justifica comemorar. Principalmente se você é um, ou uma, conformista como a grande maioria dos brasileiros.


Porém, uma leitura mais atenta vai mostrar que você pode adiar parte da comemoração. É o seguinte: uma emenda de redação apresentada pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ) na Comissão de constituição e Justiça (CCJ) do Senado deixou claro que somente quem for condenado depois da sanção da nova lei é que será impedido de se candidatar pelas novas regras de inelegibilidade.


Você logo conclui: que espertinhos! Livraram suas caras! A Lei vai valer para os outros, os futuros candidatos. A cambada que está no poder passa incólume, a lei não os atinge. É impressionante: na hora de se defenderem mutuamente eles não consideram oposição nem situação; não têm ideologia.


Tem corporativismo. Tudo é feito na base do acordo. Tanto que quem defende essa manobra é o senhor Demóstenes Torres, do DEM (Democratas), autor de denúncias e criticas ao governo Lula. E o autor da nova redação é Francisco Dornelles, do PP. Eles estão fora, saem ilesos.
Caso a lei viesse a vigorar desde já, poucos se salvariam. Há 208 deputados com problemas na Justiça. Seriam inelegíveis. E 29 dos 81 senadores também têm problemas. Portanto, 41 % dos deputados seriam excluídos e 36% dos senadores, que são sujos, também teriam que desistir e voltar para casa ao termino do mandato. Seria uma lei profilática.


Ela o é sim, mas para o futuro; não para as eleições deste ano. Agora suponhamos que o Senado, num rasgo de dignidade e patriotismo, que certamente não tem, aprovasse a proposta na integra, como pretendia a sociedade. Alguém acredita que ela seria sancionada?

 
Alguém acha que o Planalto iria rifar seus mensaleiros de estimação? Resta torcer para que não mudem a lei para beneficiar também os futuros candidatos daqui a quatro anos.
 E não vamos perder de vista que tudo é possível, quando se trata defender corruptos.

 

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